Na última sexta-feira (21), Vitória foi palco de uma noite histórica e repleta de emoção com a abertura do Carnaval de Vitória, durante o Sambão do Povo. A escola de samba Rosas de Ouro, que abriu o desfile, encantou milhares de foliões ao entregar uma apresentação marcada por tradição, inovação e forte conexão com as raízes culturais da cidade.
Emoção e tradição na avenida
Com o enredo “No horizonte eu te vejo”, a agremiação conduziu o público por uma verdadeira viagem no tempo, recontando a história do emblemático Casarão de Carapina – um patrimônio que simboliza a riqueza cultural de Vitória. A alegoria, que reproduziu com perfeição os detalhes do histórico imóvel, uniu elementos de estéticas afro-indígenas e europeias, proporcionando uma fusão visual e artística que capturou a atenção dos jurados e da plateia.
Voz marcante que atravessa gerações

Um dos momentos mais comentados da noite foi a atuação de Letícia Jesus, a única mulher a comandar um microfone oficial no Carnaval de Vitória. Com mais de 20 anos de trajetória na Rosas de Ouro, Letícia encantou o público ao interpretar o samba-enredo com paixão e segurança. Em diversos trechos, o coro entusiasmado dos foliões se uniu à sua voz, entoando os versos que exaltam a história e a resistência cultural:
“A canoa vai virar, auê, auê!
É o guerreiro Araribóia destinado a vencer
Rosto pintado, arco e flecha em sua mão
Vale tudo em defesa desse chão.”
Em entrevista, Letícia destacou o orgulho de representar sua escola e a força das mulheres na avenida:
“É sempre um grande prazer estar à frente da Rosas de Ouro, porque eu sou serrana. É a minha casa, é a minha escola de coração. Há cinco anos trabalho à frente do microfone e me sinto honrada por representar tanto as mulheres quanto a escola.”
Detalhes que encantam o público
Logo na abertura, a comissão de frente, composta por 14 integrantes, surpreendeu ao encenar a proteção das ruínas do Casarão de Carapina. Os movimentos sincronizados e a expressividade dos bailarinos garantiram aplausos calorosos e deixaram claro que a escola estava determinada a marcar o início do desfile com força e originalidade.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira também foi destaque, ao simbolizar a “rosa de ouro” entrelaçada à imagem do colibri – uma representação visual da riqueza e da beleza que permeiam a história contada pela agremiação.
Ritmo pulsante e legado cultural
A bateria, comandada pelo Mestre Ramon Mathias, foi o coração da apresentação, mantendo um ritmo vibrante que contagiou a arquibancada. Com uma cadência que refletia a influência africana na musicalidade brasileira, os ritmistas demonstraram toda a força do samba, fazendo com que cada batida ecoasse a energia do Carnaval de Vitória. Essa combinação de tradição e inovação reforça a importância cultural da Rosas de Ouro, que une história, arte e sentimento em cada como.
Impacto e expectativas para o restante do carnaval
O desfile de abertura da Rosas de Ouro não só ressaltou o potenci

al da escola, como também elevou as expectativas para os próximos dias de folia. Em um cenário onde cada detalhe – do figurino à performance da bateria – conta uma história, a apresentação consolidou a relevância do Carnaval de Vitória como um dos eventos mais aguardados da cidade. A mistura de emoção, técnica e tradição promete atrair ainda mais atenção do público e dos críticos, fazendo com que cada novo desfile seja analisado com entusiasmo e reverência à cultura brasileira.
Com essa performance marcante, a Rosas de Ouro reafirma seu compromisso com a arte do samba e a valorização da história local, deixando um legado de beleza e emoção que certamente inspirará futuras gerações. O sambão do povo segue, e com ele, a certeza de que o Carnaval de Vitória é, acima de tudo, uma celebração da identidade e da diversidade cultural.