SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil trata como crime a morte do empresário Adalberto Amarilio dos Santos Junior, 35, encontrado dentro de um buraco no autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo.
A principal hipótese é a de que ele tenha sido assassinado. Além de homicídio, os investigadores também não descartam ao menos outros dois crimes no caso: ocultação de cadáver e possível omissão de socorro.
Uma possibilidade é que Junior tenha sido jogado ainda vivo no buraco após sofrer algum tipo de acidente, agressão ou até mesmo estar sob efeito de álcool ou drogas.
O empresário do ramo de óticas desapareceu após ir a um evento de motos em Interlagos na sexta-feira (30). Seu corpo foi achado no buraco na terça-feira (3). Seu carro foi localizado por familiares em um estacionamento no interior do autódromo na manhã do dia 31.
Cerca de 180 seguranças atuaram no evento de motos em que Junior esteve. Alguns vigilantes e seus superiores já foram ouvidos, mas a intenção é de que mais pessoas que tenham trabalhado naquele dia prestem esclarecimentos, entre eles seguranças do autódromo e do kartódromo, explicou para a Folha a delegada Ivalda Aleixo, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Uma das hipóteses que a polícia trabalha é de que Junior pode ter sido agredido por algum segurança.
O exame preliminar no IML (Instituto Médico Legal) não apontou fraturas e ferimentos no corpo do empresário, e também não havia marcas ou lesões no pescoço. Apesar disso, a polícia não descarta que ele tenha sofrido um golpe conhecido como mata-leão ou gravata. os agentes ainda aguardam o resultado de um segundo laudo, do exame necroscópico, que pode dar mais detalhes sobre isso.
Com base nos relatos, a investigação refez os os de Junior. Uma das hipóteses é que ele tenha tentado cortar caminho ao sair de um show em Interlagos para chegar ao estacionamento onde estava seu veículo e se deparado com vigilantes.
O carro estava entre o autódromo e o kartódromo, onde havia presença de vigias, conforme apuração da polícia.
Chama a atenção dos policiais o fato de o cadáver estar sem a calça e sem tênis ao ser achado. Ele vestia uma jaqueta e um capacete que tinha uma câmera acoplada, mas o equipamento sumiu.
Um possível latrocínio foi descartado de início. Isso porque junto com o empresário estava com a aliança de ouro e com a carteira com R$ 300 e cartões.
Durante a investigação, foram encontradas marcas de sangue de parte traseira do carro do Junior. Um pingo de sangue foi encontrado no tapete do carro. Outras manchas, que, de acordo com a polícia, seriam de adas de mão, como forma de se apoiar, foram vistas no banco e numa espécie de que fica no chão atrás dos bancos dianteiros.
Enquanto os laudos solicitados (necroscópico, do sangue coletado no carro, sexológico e do local do crime) não ficam prontos, a polícia analisa diversas horas de imagens registradas por câmeras instaladas pelos organizadores do evento. O foco está nos portões de entrada e saída, que podem ter registrado alguma movimentação da vítima.
Naquele dia Junior estava acompanhado do amigo Rafael Albertino Alieste, 42. O homem prestou um primeiro depoimento para policiais da delegacia de desaparecidos, uma vez que o empresário ainda estava sumido.
Ele contou que os veículos estavam em estacionamentos diferentes, por isso se separaram. Alieste afirmou que ambos beberam e fumaram maconha no autódromo. Está prevista uma nova conversa dele com os investigadores, agora, da divisão de homicídios.
Falta de câmeras da prefeitura
Local de grande visibilidade, o autódromo de Interlagos, palco de shows e do GP de Fórmula 1, não possui câmeras da Prefeitura de São Paulo. A instalação de equipamentos, de acordo com a gestão Ricardo Nunes (MDB), ocorre a cada evento e sob responsabilidade de seus organizadores.
Conforme a prefeitura, foi assinado em fevereiro um contrato para a instalação de 50 câmeras no espaço interno com foco na segurança patrimonial do equipamento público. “A previsão é de implementação até meados do segundo semestre. As imediações do autódromo já contam com 60 câmeras do Programa Smart Sampa”.