Mata Atlântica tem pequena redução no desmatamento e perdas por desastres climáticos

Foto: Herton Escobar/USP Imagens

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A mata atlântica apresentou redução no desmatamento em 2024, seguindo a tendência de queda dos últimos anos. Contudo, para ambientalistas, os resultados positivos ainda são tímidos e apresentam uma preocupação diante dos efeitos das mudanças climáticas.

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (12) pela Fundação SOS Mata Atlântica e se baseiam em dois levantamentos: o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, realizado pela organização em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e o SAD (Sistema de Alertas de Desmatamento), da rede colaborativa MapBiomas.

Realizado desde 1989, o Atlas detecta áreas superiores a três hectares de florestas maduras, que correspondem a 12% do bioma original. Por esse critério, o desmatamento caiu 2% –de 14.697 hectares em 2023 para 14.366 em 2024.

Já o SAD tem uma abrangência mais ampla, sendo capaz de detectar desmatamentos a partir de 0,3 hectare em florestas em diversos estágios de recuperação, que ocupam 24% da área total do bioma. Por essa metodologia, foram 71.109 hectares desmatados em 2024 frente a 82.531 hectares do ano anterior, ou seja, uma queda de 14%.

Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, afirma que a maior parte do desmatamento ocorre em áreas privadas, em fazendas. Segundo ele, é urgente ampliar o foco da proteção ambiental, inclusive em unidades de conservação.

“A principal pressão sobre a mata atlântica é a expansão da agropecuária. Então, mais de 90% da área desmatada é desmatada para a expansão da agropecuária, tanto de pastagens quanto de culturas agrícolas”, frisou.

Guedes Pinto destaca que os índices negativos de desmatamento tiveram a forte contribuição dos desastres naturais registrados no Brasil, como o caso da enchente histórica do Rio Grande do Sul, em maio do ano ado. Ou seja, os eventos climáticos am a ser vetores de pressão também.

“É cada vez mais urgente alcançar o desmatamento zero e restaurar a mata atlântica em grande escala para evitar desastres naturais que afetam não só a própria natureza, como também a economia, o bem-estar, a prosperidade, entre outras perdas sociais e econômicas”, disse.

Guedes Pinto afirma que a “geografia do desmatamento” é de conhecimento público e 90% do total concentra-se nos estados da Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Piauí. Para ele, as penalizações e ações preventivas devem ser mais severas para evitar perdas maiores.

“Os governos devem penalizar para acabar com esse cenário de desmatamento ilegal. Além disso, os bancos também estão tendo o aos alertas de desmatamento e estão, aos poucos, cortando o crédito de quem faz desmatamento ilegal.”

A Bahia mais uma vez lidera o ranking estadual, com 23.218 hectares desmatados registrados pelo SAD. Embora o total tenha caído 37% em relação ao ano anterior, a destruição de matas maduras do estado quase dobrou: ou de 2.456 para 4.717 hectares (aumento de 92%).

No Piauí, a área total desmatada cresceu 44%, chegando a 26.030 hectares, enquanto a supressão de matas maduras diminuiu.

O Paraná, apontado como um dos estados mais críticos, reduziu o desmatamento de matas maduras em 64%.

Já o Rio Grande do Sul teve perda de 3.030 hectares, com impacto de eventos climáticos extremos. Ocorrências do tipo também afetaram áreas protegidas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, evidenciando a vulnerabilidade das unidades de conservação diante das mudanças climáticas.

Compartilhe:

Últimas Notícias
Editorias