CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Apontado como ex-líder da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), Roberto Soriano, 52, conhecido como Tiriça, foi condenado na noite de segunda-feira (9) a 44 anos e oito meses de prisão pelo assassinato do agente penitenciário federal Alex Belarmino Almeida Silva, em setembro de 2016, em Cascavel, no oeste do Paraná.
Soriano foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) sob a acusação de ser o mandante do crime.
O advogado de Soriano, Claudio Dalledone, encaminhou nesta quarta-feira (11) uma nota à Folha, na qual afirma que “o júri julgou a biografia do acusado e não a ausência de provas”.
Soriano atualmente está preso na Penitenciária Federal de Mossoró (RN). A pena estabelecida na sentença é de regime inicial fechado, sem direito de recorrer em liberdade.
Belarmino trabalhava em Brasília e estava em missão temporária no Paraná, onde dava um curso de tiro na Penitenciária Federal de Catanduvas.
Segundo a investigação da PF, os criminosos alugaram uma casa vizinha àquela usada pelo agente durante sua estadia no Paraná, na cidade de Cascavel, que fica a 55 km de Catanduvas.
Belarmino foi assassinado com 23 tiros –a maioria pelas costas. A emboscada aconteceu quando ele dirigia um carro oficial rumo à penitenciária de Catanduvas.
O julgamento de Soriano durou oito sessões no Tribunal do Júri da Justiça Federal do Paraná.
Soriano foi condenado por homicídio qualificado, em razão de o crime ter sido praticado contra agente público no exercício da função. A pena foi agravada em razão das circunstâncias. Ele também foi condenado por integrar organização criminosa.
O MPF denunciou ao todo 15 pessoas pela morte de Belarmino, mas o processo foi desmembrado e o caso contra Soriano tramitou separadamente, na 13ª Vara Federal de Curitiba. Seis dos acusados já tinham sido condenados em dezembro de 2021, outros três em julho de 2022 e mais três em setembro de 2023.
De acordo com a denúncia do MPF, o PCC pretendia se insurgir contra o sistema penitenciário federal, determinando a morte indiscriminada de agentes federais que sequer eram conhecidos pelos criminosos.
“Os motivos do crime são graves, uma vez que a organização teve por intuito afrontar e desestabilizar o Estado, em especial o sistema penitenciário nacional”, escreveu na sentença o juiz federal André Wasilewski, que presidiu o júri.
Além de Belarmino, outras duas pessoas vinculadas ao Depen (Departamento Penitenciário Nacional) foram mortas por ordem do PCC entre setembro de 2016 e maio de 2017, segundo o MPF.
Uma das vítimas trabalhava na unidade de Mossoró e cinco pessoas já foram condenadas pelo crime.
A outra vítima foi Melissa Almeida, psicóloga da unidade de Catanduvas. Ela foi morta em frente à casa onde vivia, em Cascavel.
Soriano também foi condenado pela morte da psicóloga, junto com outras três pessoas, em agosto de 2023. Na ocasião, ele foi condenado a 31 anos e 6 meses de reclusão, pela prática de homicídio qualificado consumado.