Governo e prefeitura planejam novos prédios de moradia na antiga cracolândia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo estadual de São Paulo e a prefeitura da capital planejam construir dois conjuntos habitacionais na região da Luz, no centro da cidade, bem próximos à área que até um mês atrás concentrava usuários de drogas da cracolândia.

Um dos empreendimentos deve ser construído no triângulo formado pelas ruas dos Gusmões, Protestantes e General Couto de Magalhães. O outro ficaria a cerca de 180 metros dali, na mesma rua dos Gusmões.

O primeiro conjunto habitacional ficaria justamente no local que serviu como ponto fixo da cracolândia antes da dispersão de usuários, no início de maio. É o mesmo lugar onde, em janeiro, a prefeitura construiu um muro de concreto com 40 metros que separava os dependentes químicos do trânsito de pedestres e de veículos, e que amanheceu esvaziado há pouco mais de três semanas.

Na área onde os dependentes químicos se concentravam, está prevista a construção de uma praça com aparelhos de ginásticas, escorregador, gangorras e uma quadra de basquete. Duas torres de apartamentos devem ser construídas no mesmo quarteirão.

O projeto deve ser feito a partir da PPP (Parceria Público-Privado) municipal da habitação, sob responsabilidade da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), e em parceria com o governo estadual. A prefeitura não informou quantos apartamentos o edifício terá.

É por causa deste empreendimento que, na semana ada, o Teatro de Contêiner recebeu da prefeitura uma intimação que deu prazo de 15 dias para que eles entreguem a área, ao lado do ponto que já serviu de referência para o fluxo da cracolândia.

Segundo projetos preliminares, a construção das torres ocorreria exatamente no terreno do teatro, que serve como sede da companhia Mugunzá desde o fim de 2016. A gestão Ricardo Nunes (MDB) afirma que desde o ano ado vem discutindo o assunto com os responsáveis.

Em nota, a gestão municipal também afirmou que “foi apresentada uma proposta de área alternativa para a companhia de teatro e está sendo viabilizado um novo local para a ONG”.

Em outro ponto da rua dos Gusmões, um edifício com 88 apartamentos deve ser construído pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), ligada ao governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ao todo, os apartamentos somam 165 dormitórios, e as plantas preveem áreas que vão de 36 a 58 metros quadrados em cada unidade.

Nesse caso, o terreno abriga uma ocupação irregular com vários barracos. Em março, houve um incêndio que atingiu 15 moradias no local.

O empreendimento da CDHU está com edital aberto para a seleção de uma empresa interessada em assumir o projeto.

“O projeto de habitação não tem nada a ver com a questão da cena aberta de uso [de drogas]”, diz o vice-governador, Felício Ramuth (PSD). “A cena aberta de uso é uma ação humana, esta [a construção de habitação] é uma ação urbana. O projeto é, sim, de revitalização do centro, para trazer mais moradores para o centro.”

O vice-governador também disse que a istração estadual pediu à Justiça o perdimento -transferência forçada de bens para o Estado– de imóveis na região que eram usados pelo crime organizado como esconderijo de drogas e celulares roubados.

O uso de pensões e hotéis por criminosos foi apontado no ano ado pela operação Sallus et Dignitas, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo. Segundo Felício, o destino desses terrenos também será a construção de moradia popular.

A poucos quarteirões de distância dos terrenos dos dois conjuntos habitacionais, o governo estadual prevê construir um novo centro istrativo que vai concentrar os escritórios de secretarias e outros órgãos.

Na semana ada, o Conselho Gestor do Programa de Parcerias Público-Privadas autorizou a publicação do edital de licitação, além da modelagem final do projeto. Segundo essa autoridade, o último detalhe a ser acertado é a garantia contratual à empresa a ser contratada -detalhe importante para atrair interessados.

Com o contrato assinado, a maior parte do ano de 2026 deve ser de desapropriações a demolições ao redor do Parque Princesa Isabel, ao redor do qual o projeto prevê a construção de uma esplanada de prédios de escritório. A construção, seguindo esse cronograma, deve ocorrer de 2027 a 2029.

Parte da construção do centro istrativo pode coincidir com as obras dos projetos de moradia. A licitação para escolher a empresa para a PPP que deve construir e istrar os prédios deve ocorrer até o fim do ano.

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