Falsa igreja no Complexo de Israel era usada como ‘fortaleza’ de traficantes, diz polícia

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Agentes da secretaria de Ordem Pública da Prefeitura do Rio de Janeiro fizeram nesta terça-feira (10) a demolição de uma falsa igreja no Complexo de Israel, zona norte da cidade, que funcionava, segundo investigação, como abrigo para traficantes do T (Terceiro Comando Puro).

O imóvel, localizado durante a operação policial desta terça, tinha quatro pavimentos e a igreja funcionava no térreo, segundo a polícia. Os pavimentos superiores eram usados como esconderijo e proteção dos suspeitos. Agentes da prefeitura e policiais civis encontraram seteiras —espécie de buracos na parede usados para posicionar fuzis durante a chegada de equipes policiais ou grupos criminosos rivais.

A polícia não informou se havia a celebração de cultos no local. Balas e cápsulas foram encontradas nos andares superiores.

O prédio, construído irregularmente, segundo a prefeitura, estava localizado na rua Bulhões Marcial, principal via de Vigário Geral, bairro dominado pelo T. A rua fica ao lado da avenida Brasil, principal via expressa da cidade. De acordo com agentes que estiveram no local, a laje do imóvel dava visão privilegiada da movimentação de carros nas redondezas.

“Muitas dessas construções irregulares servem como e financeiro e estrutural para essas organizações criminosas”, afirmou o secretário municipal de Ordem Pública, Brenno Carnevale.

“Temos histórico disso [na região]. Essa facção perseguiu diversas religiões, construir uma falsa igreja e montou equipes antiaéreas para atacar aeronaves”, afirmou o delegado André Neves, titular da DGPE (Diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada).

O Complexo de Israel é dominado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o “Peixão”, considerado um dos maiores traficantes do estado, e que atua nas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau.

Peixão, que associou seu domínio a símbolos cristãos e judaicos, como a estrela de Davi e a bandeira de Israel, é acusado de expulsar pais de santo e ordenar a destruição de centros de umbanda e candomblé.

Entre as acusações contra Peixão estão a intimidação de moradores, expulsão de rivais, ataques a agentes de segurança e ações coordenadas para impedir operações policiais.

Policiais e agentes da prefeitura também encontraram nesta terça um imóvel em construção com estrutura luxuosa. A suspeita da polícia é que a casa pertença ao tráfico de drogas, uma espécie de novo “resort” em construção, meses após a demolição de outro.

Em março, a polícia havia encontrado uma mansão com lago artificial com carpas, academia e um monte que seria usado para orações. O espaço foi apelidado de “resort” do Peixão. Os agentes identificaram ao menos três espaços distintos em Parada de Lucas usados pela quadrilha, com uma estrutura considerada de luxo pelos investigadores, que destoa das construções da localidade.

“Os proprietários serão identificados, vamos intimá-los e apurar a destinação daquele imóvel”, afirmou o delegado Moysés Santana, titular da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes).

A operação desta terça-feira expediu 44 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão contra suspeitos de integrarem núcleos do T. Um dos núcleos, segundo a investigação policial, era especializado em abater helicópteros. Outro grupo montava barricadas nas ruas de o ao Complexo de Israel.

Quinze pessoas foram presas e cinco fuzis, além de pistolas e granadas, foram apreendidos. Quatro pessoas foram baleadas durante a operação —duas delas estavam em dois ônibus que circulavam nas redondezas.

Marcelo Silva Marques, 54 é motorista de uma linha de ônibus que ava pela avenida Brasil no momento do tiroteio. Outro baleado foi Manoel Américo da Silva, 60, ageiro de um ônibus que estava na Linha Vermelha.

Marques foi levado ao Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, e tem quadro estável.

Silva foi atingido por um tiro no ombro esquerdo. Ele foi levado ao Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e ou por procedimentos de urgência. O quadro de saúde é estável.

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