SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Ucrânia disse ter conseguido a primeira vitória de um caça americano F-16 contra um adversário russo em combate aéreo na guerra contra Moscou, iniciada com a invasão determinada por Vladimir Putin em 2022.
Os detalhes da ação, ocorrida no sábado (7), começaram a ser divulgados a conta-gotas na imprensa ucraniana e alemã nesta segunda (9), e há reações contraditórias entre analistas militares russos acerca deles.
O que se sabe de fato é que no sábado um caça Sukhoi Su-35S, um dos mais sofisticados do arsenal de Putin, caiu em Korenevo, uma vila de Kursk, no sul russo. O piloto conseguiu se ejetar e a bem, segundo a mídia local.
A área, filmada por helicópteros e drones, fica a a 16 km da fronteira com Sumi, região do norte ucraniano que está sob invasão russa.
Segundo as forças de Kiev aram à mídia, o Su-35 foi derrubado por um míssil AIM-120 americano de longo alcance, o chamado BVR (além do campo visual, na sigla inglesa), disparado dos céus de Sumi por um F-16.
Se confirmado, é a primeira vez que um caça americano derruba um Su-35, estrela da Força Aérea russa. No conflito, oito desses aviões já foram perdidos para fogo antiaéreo, segundo o monitor militar Oryx, mas nenhum abatido em combate ar-ar.
Antes, houve boatos de dois abates de aviões de ataque Su-34, mas eles nunca foram confirmados e as evidências sugeriam fogo amigo sobre território ocupado pela Rússia na Ucrânia.
Mais importante no caso atual, do ponto de vista tático, é o fato de que o abate relatado só foi possível com a participação do avião-radar sueco Saab-340. O modelo triangulou a posição do Su-35 a talvez 200 km de distância e orientou o disparo do míssil do F-16.
O modelo americano em uso na Suécia, doado de arsenais obsoletos da Dinamarca e Holanda em limitados números não divulgados, não tem radares capazes de tal façanha.
O Saab-340, que usa um radar Erieye igual ao operado pela Força Aérea Brasileira no seu Embraer E-99M, foi doado em abril pela Suécia, que prometera em maio de 2024 entregar dois desses aviões a negociação para fornecer caças Gripen C/D, de uma geração anterior à que voa no Brasil, não avançou.
Como sempre ocorre neste conflito, em ambos os lados, é preciso cautela ante as versões. Segundo um analista militar russo consultado pela reportagem em Moscou, contudo, há consenso de que o relato ucraniano está correto, e que com isso o Saab-340 vai se tornar um dos focos de retaliação russa.
O avião, um turboélice, é lento de fácil detecção, apesar das contramedidas eletrônicas com que está equipado. Ele é a mais sofisticada doação militar de Estocolmo, que até março havia dado o equivalente a R$ 33,8 bilhões a Kiev, sendo o sexto maior apoiador bélico do país segundo o ranking do Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha).
Mas nem todo mundo concorda com avaliação. Segundo o influente canal militar Fighterbomber no Telegram, que é editado por um ex-oficial da Força Aérea russa muito bem informado, o abate ocorreu ou por erro da defesa antiaérea russa na região de fronteira, algo bem comum no conflito, ou com um míssil disparado da Ucrânia.
Os F-16 tiveram sua entrega muito celebrada pelo governo de Volodimir Zelenski, mas até aqui seu trabalho se concentrou em abater mísseis de cruzeiro e drones durante os ataques maciços russos. Mesmo a boa propaganda do sábado não muda nada no conflito de forma imediata.
Ao menos três deles já foram perdidos assim, segundo o o site Oryx, baseado na Holanda e que só usa imagens georreferenciadas para fazer sua contagem.
Nesta segunda, a Rússia atacou com força uma das bases nas quais se acredita que os F-16 estão sediados, em Rubno, no oeste ucraniano. Sua posição distante da linha de frente e perto dos suprimentos ocidentais via fronteira polonesa a tornam uma opção óbvia.
Além dos F-16, a Ucrânia opera um número incerto de ses Mirage-2000 e modelos soviéticos Su-27 e MiG-29, esses também doados por Polônia e Eslováquia.