Dólar ronda a estabilidade e Bolsa sobe com dados de inflação abaixo do esperado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar rondava a estabilidade, enquanto a Bolsa subia nesta terça-feira (10), após dados mostrarem que a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerou mais do que o previsto por analistas em maio. As taxas de juros futuros, principal referência para mostrar a expectativa do mercado, também recuavam em toda a extensão da curva.

Às 14h36, o dólar subia 0,10%, a R$ 5,567. Já a Bolsa se valorizava 0,74%, a 136.709 pontos, no mesmo horário, com a Petrobras entre os destaques positivos, endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior.

Por volta de 14h40, a taxa do contrato de DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento em janeiro de 2026 registrava um recuo de 14,85% para 14,84%; a do DI para janeiro de 2027 caía de 14,185% para 14,14%; e a de janeiro de 2029 caía de 13,635% para 13,53%.

Investidores também aguardam detalhes sobre as medidas do governo para compensar mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), enquanto seguem de olho nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, em Londres, que entram no segundo dia.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta terça que a inflação no Brasil desacelerou mais do que o esperado em maio tanto na base mensal quanto no acumulado em 12 meses.

O IPCA subiu 0,26% em maio, após um avanço de 0,43% em abril, ando a acumular em 12 meses alta de 5,32%, contra 5,53% antes.

O novo resultado surpreendeu analistas ao ficar abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,32%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,26% a 0,43%

O alívio ante abril foi influenciado pela perda de força dos preços de parte dos alimentos e pela queda da agem aérea e dos combustíveis, incluindo a gasolina.

O resultado para a inflação de maio é o último relatório de inflação antes dos membros do BC (Banco Central) voltarem a se reunir na próxima semana, nos dias 17 e 18 de junho, para a decisão sobre a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 14,75% ao ano.

Operadores estão mais inclinados a uma pausa no aperto monetário, com 76% das apostas no mercado futuro de juros nessa direção, enquanto 24% preveem uma alta de 0,25 ponto percentual.

Boletim Focus divulgado nesta segunda, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para a inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), é de 5,44% ao fim desde ano. Para 2026, a projeção para a alta dos preços no país foi mantida em 4,5% -o centro da meta perseguida pelo BC é de 3%.

“Caso os próximos dados mostrem um comportamento mais benigno, especialmente em relação à atividade econômica e ao mercado de trabalho, é possível que o ciclo de alta de juros tenha chegado ao fim”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

Na segunda-feira (9), o dólar fechou em queda pela terceira sessão seguida e renovou o menor valor de fechamento do ano, de R$ 5,561, um recuo de 0,13%. É a menor cotação para a moeda desde 8 outubro do ano ado, quando encerrou em R$ 5,532. Em 2025, o dólar acumula perdas de 9,98%.

O dia foi marcado pelo anúncio do ministro Fernando Haddad (Fazenda) de recuar das alíquotas do IOF e pelo encontro de autoridades dos Estados Unidos e da China para debater a guerra comercial que os países travam.

Já a Bolsa encerrou com queda de 0,29%, a 135.699 pontos, com Petrobras e outras blue chips, como Itaú e Bradesco, entre as maiores perdas. Mais cedo, o índice recuou mais de 1%, chegando aos 134.118 pontos na mínima do pregão. No melhor momento, bateu nos 136.105 pontos.

Na cena doméstica, o mercado segue à espera de uma apresentação detalhada das propostas do governo para substituir aumentos nas alíquotas do IOF. Um anúncio inicial das medidas foi feito pelo ministro Haddad, no domingo.

As medidas anunciadas foram o aumento da taxação de apostas esportivas, mudança na tributação de instituições financeiras e a cobrança de Imposto de Renda de 5% sobre títulos atualmente isentos, como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito Agrícola). Segundo três parlamentares, Haddad também citou na reunião uma mudança na alíquota de J (Juros sobre Capital Próprio).

As medidas serão adotadas com a edição de uma MP (Medida Provisória). Haddad disse que vai discutir os detalhes desse plano com o presidente Lula (PT) nesta terça-feira, após o retorno do presidente ao Brasil.

O ministro ainda afirmou que o governo apresentará uma medida provisória nesta semana com as propostas que compensarão um novo decreto para reduzir o IOF, mas não apontou iniciativas estruturais no eixo de revisão de despesas do governo.

Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, avalia com cautela o real impacto das mudanças propostas. Para ele, a discussão esbarra em desafios estruturais de longo prazo.

“Fica muito difícil fazer qualquer conta de se essas medidas compensam a redução do IOF e se ajudam no pacote fiscal. Acho que tudo isso é cortina de fumaça para um problema muito mais sério do fiscal, que é cortar gasto. Enquanto ficar tentando só arrumar formas de arrecadar mais, o problema do fiscal de longo prazo continua existindo”, disse Rodrigo Marcatti economista e CEO da Veedha Investimentos.

Nesta segunda, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), disse não conseguir garantir que o Congresso aprovará as medidas de compensação ao aumento do IOF apresentadas pelo governo federal na véspera.

Por volta das 14h30, a PETR3, ações ordinárias, com direito a voto em assembleias, subia 3,29%, a R$ 32,27, e a PETR4, ações preferenciais, com preferência por dividendos, se valorizava 2,81%, após fecharem com quedas de 0,57% e 1,04% na véspera.

A valorização era endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, referência mundial, mostrava acréscimo de 0,19%, a US$ 67,17 o barril.

No exterior, os mercados globais seguem à espera de notícias sobre o segundo dia de encontro entre autoridades dos Estados Unidos e da China, em Londres, para tentar neutralizar a disputa comercial entre os países.

Os representantes se reuniram na Lancaster House, nesta segunda, mas sem nenhum resultado claro. Mais cedo, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que as negociações estão indo bem.

A expectativa é de que as potências retomem o caminho de um acordo preliminar firmado em maio em Genebra, que ajudou a reduzir a temperatura entre Washington e Pequim.

A retomada das negociações comerciais entre as duas maiores potenciais mundiais tem contribuído para acalmar as preocupações dos mercados com a economia norte-americana.

Na última quinta-feira, Trump e o líder chinês Xi Jinping se telefonaram, no que foi o primeiro contato formal entre os dois desde que o republicano assumiu a Casa Branca. Até então, a última conversa havia ocorrido em janeiro, antes da posse.

O telefonema partiu de Trump, segundo a agência estatal chinesa Xinhua. A repórteres no Salão Oval, o presidente afirmou que as discussões comerciais continuam em andamento e estão em boa forma, acrescentando que espera ir à China em algum momento em que Xi Jinping também visite os EUA.

Agora os investidores aguardam novidades sobre as negociações dos EUA com parceiros a fim de projetar qual será o panorama das tarifas de Trump daqui para frente.

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