Casa Branca diz que governo continuará cortando gastos após saída de Elon Musk

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No dia seguinte à oficialização da saída de Elon Musk do governo de Donald Trump, a Casa Branca indicou nesta quinta-feira (29) que o homem mais rico do mundo continuará tendo alguma influência sobre as políticas de Washington, ainda que numa escala menor.

Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, disse a jornalistas que os integrantes do gabinete de Trump vão colaborar com a equipe do Doge (Departamento de Eficiência Governamental, na sigla em inglês), até a véspera chefiada por Musk, para “avançar com os esforços em andamento” em várias agências federais.

O bilionário liderou uma iniciativa radical de corte de gastos que desmantelou agências e motivou demissões em massa com o pretexto de que enxugar a máquina pública era necessário. Segundo Leavitt, os secretários do governo trabalharam lado a lado com Musk e, agora, continuarão esses esforços com os funcionários do Doge. “Os esforços para reduzir o desperdício, a fraude e o abuso continuarão”, disse.

Musk anunciou sua saída no mesmo dia em que disse estar decepcionado com um plano fiscal defendido por Trump. O projeto, aprovado na Câmara, prevê cortes de impostos e aumentos de gastos em áreas consideradas sensíveis ao republicano, incluindo a da imigração. Segundo o bilionário, o texto aumenta o déficit orçamentário e prejudica o trabalho que o Doge vem fazendo.

Ainda que Leavitt tenha mencionado nominalmente Musk para agradecê-lo por sua atuação junto ao governo, o presidente Trump não havia feito qualquer comentário sobre a saída do bilionário nem sobre as críticas feitas por ele até a noite desta quinta.

Musk, por sua vez, republicou em suas redes sociais mensagens que negam qualquer divergência com o presidente. “A mídia tradicional está tentando enquadrar a saída de Elon do Doge como resultado de um desentendimento com Trump. […] Eles são retardados ou acham que você é”, diz uma delas.

Apesar de controlar o Doge, a Casa Branca disse em mais de uma ocasião que Musk não era formalmente o chefe do departamento, e sim apenas um “funcionário especial do governo”. A lei determina que uma pessoa só pode ocupar essa função por 130 dias, o que explicaria a saída formalizada na quarta. Ainda assim, Trump poderia facilmente ter nomeado o bilionário para outro cargo, o que não ocorreu.

Relatos de que Musk deixaria o governo para focar em suas empresas, em especial a Tesla, circularam na imprensa americana nas últimas semanas -as vendas da montadora despencaram na Europa recentemente, em parte como reação ao papel controverso do bilionário na gestão Trump.

Desde dezembro, as ações da empresa perderam cerca de 25% do valor na bolsa americana, segundo a agência de notícias Reuters. Nesta quarta, os papéis da companhia operaram em estabilidade.

Um dos principais apoiadores de Trump durante a campanha eleitoral e bastante atuante nos primeiros meses de governo, o bilionário ou a ser visto como ônus político por aliados do presidente após uma derrota simbólica numa eleição da Suprema Corte de Wisconsin, na qual o candidato apoiado por ele perdeu o pleito.

O saldo do bilionário à frente do Doge é um copo meio vazio. Musk havia dito que sua equipe de corte do orçamento poderia reduzir a verba federal do próximo ano fiscal em US$ 1 trilhão. Em uma reunião de gabinete, contudo, o empresário mudou o discurso em abril ao dizer que o grupo conseguiria economizar cerca de US$ 150 bilhões, 85% a menos do que o seu objetivo, segundo o jornal The New York Times.

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