SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com uma década de carreira, a banda Lagum consolidou sua identidade com músicas que exploram os sabores e dissabores do amor, além de refletir sobre as angústias de uma geração ansiosa. Com uma mistura de rock, reggae e pop, eles seguem abordando esses temas no álbum “As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo”, lançado nesta terça-feira (27).
O título do disco surge como um convite para pensar sobre as consequências da saturação das redes sociais impostas à nossa rotina, diz Pedro Calais, vocalista da banda. Ele conta que o grupo costuma fazer detox das redes para aproveitar a vida fora das telas
Para traduzir essa ideia, a banda fez vídeos para as músicas do novo álbum com visuais que capturam pequenos momentos do cotidiano. Calais conta que são cenas muitas vezes despercebidas, pois estamos sempre correndo e com a cabeça na tela. “As cores e as curvas são os estímulos do mundo real, que nos conectam com o presente”, diz o vocalista.
A primeira faixa, “Eterno Agora”, já apresenta essa reflexão sobre o ritmo acelerado que vivemos, com versos como “quero a paz de me sentir em paz” e “sempre que tento prever, eu me frusto”.
Eles já cantavam sobre esse tema em “Ninguém Me Ensinou”, de 2021, ao entoar “Alguém diz pra onde vamos/ Tenho pressa de existir”. A música se tornou um hit entre os jovens, especialmente pelo trecho “Tenho vinte e tantos planos pra antes dos trinta anos”. Além disso, carrega um outro significado para o grupo por ter sido a primeira faixa lançada após a perda do baterista Tio Wilson, em setembro de 2020.
Ele morreu em decorrência de uma parada cardiorrespiratória durante um show da banda em um drive-in em Belo Horizonte. Na descrição do lançamento, eles escrevem que a faixa era a favorita do baterista. Segundo Calais, o amigo é constantemente lembrado pelo grupo e segue sendo homenageado nos shows.
Outra temática recorrente na discografia da Lagum é o amor, que inspirou o primeiro grande sucesso do grupo, a balada romântica “Deixa”. Lançada em 2018 em parceria com a cantora Ana Gabriela, a canção permanece como a mais ouvida da banda no Spotify, somando 283 milhões de reproduções.
Essa faixa consolidou a sonoridade da banda como uma das referências do pop alternativo brasileiro. Agora, no quinto álbum, Jorge, guitarrista da banda, diz que a lírica relacionada ao amor se expande para além do campo romântico.
“Em ‘Dançando no Escuro’, vejo muito uma reflexão sobre o amor próprio. Já em ‘Última Nuvem’, percebo algo mais espiritual, quase transcendental como se fosse um amor que vai além do plano físico”, diz.
O disco também marca uma nova fase para eles, que agora seguem sem o respaldo de uma gravadora. Este é o segundo trabalho lançado nesse formato independente, o primeiro foi “Seja o Que Eu Quiser”, álbum de estreia do grupo, lançado em 2016.
“A gente tem cada vez mais controle da nossa carreira, das nossas ideias, das escolhas, dos erros e acertos na nossa mão. Esse álbum traz essa energia também na sonoridade. É um álbum com uma energia mais potente”, diz o vocalista.
Em meio ao convite para contemplar o presente fora das telas, ele reconhece que a convivência entre os membros da banda também traz desafios. As discussões, segundo Calais, fazem parte da rotina do conjunto.
Ainda assim, o futuro da Lagum não é colocado em dúvida. “Você não está na banda, você é a banda. A [nossa] vida gira em torno disso. Então, enquanto fizer sentido, estaremos aqui”, diz Jorge, o guitarrista.
“As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo” vai ganhar uma turnê ainda este ano, com data já confirmada em São Paulo –o show acontece no dia 2 de agosto, no Espaço Unimed.
AS CORES, AS CURVAS E AS DORES DO MUNDO
Autoria Lagum
Gravadora Independente/Ilha Records
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